Pinóquio fora da Disney: A verdadeira história

Quando pensamos em Pinóquio, é quase impossível não lembrar da animação clássica da Disney, com seu visual encantador e sua moral leve sobre dizer a verdade. No entanto, a verdadeira origem do personagem é bem diferente — mais sombria, moralista e até violenta. Neste artigo, vamos explorar a história original de Pinóquio, escrita por Carlo Collodi em 1881, e entender como ela difere da versão popularizada pelo cinema.
Quem foi Carlo Collodi?
Carlo Collodi era o pseudônimo de Carlo Lorenzini, um escritor e jornalista italiano nascido em Florença, em 1826. Collodi começou sua carreira escrevendo para jornais e revistas, mas ficou mundialmente conhecido por seu trabalho na literatura infantil.
Em 1881, ele publicou pela primeira vez as aventuras de Pinóquio em forma de folhetim no jornal infantil “Giornale per i bambini”. A obra foi posteriormente reunida em livro com o título “As Aventuras de Pinóquio” (Le avventure di Pinocchio).
Uma fábula com tons sombrios
A versão original de Pinóquio é, surpreendentemente, uma história moral bastante dura. O boneco de madeira criado por Gepeto não é apenas travesso — ele é impulsivo, ingrato e frequentemente sofre as consequências severas de suas escolhas.
Logo no início da história, Pinóquio mata o Grilo Falante (que não se chamava Jiminy, como na Disney) com uma martelada por não gostar dos conselhos que ele dava. Embora o grilo volte como espírito mais adiante, isso mostra como a história original era repleta de episódios sombrios.
As diferenças entre o Pinóquio original e o da Disney
1. O tom da história
Enquanto a versão da Disney é otimista e cheia de magia, a obra de Collodi tem um tom moralista e punitivo. A cada erro de Pinóquio, há uma consequência imediata e muitas vezes cruel. O autor queria transmitir lições claras sobre responsabilidade, obediência e trabalho duro.
2. Os personagens
Além do próprio Pinóquio, vários personagens foram modificados ou suavizados na adaptação da Disney. O Gato e a Raposa, por exemplo, são golpistas mais ameaçadores no livro, enquanto na animação são alívio cômico. A Fada Azul também é uma figura mais ambígua, testando Pinóquio de maneira mais dura.
3. Final original
No final da versão original, Pinóquio aprende suas lições após passar por grandes sofrimentos, incluindo ser enforcado por bandidos em uma das versões iniciais do texto. Somente após demonstrar arrependimento verdadeiro e esforço constante, ele é recompensado e se transforma em um menino de verdade.
Curiosidades sobre o Pinóquio original
Se você achava que a história original de Pinóquio já era surpreendente, confira estas curiosidades que mostram o quanto o conto de Collodi é mais complexo (e estranho!) do que parece:
Pinóquio quase morreu enforcado
Na primeira versão publicada em folhetim, Collodi encerra a história com a morte de Pinóquio, enforcado por bandidos (o Gato e a Raposa). Após a forte reação do público e dos editores, ele foi convencido a continuar e modificar o final.
O Grilo Falante só aparece uma vez
Diferente da versão Disney em que o grilo é praticamente o “conselheiro oficial” de Pinóquio, no livro o personagem aparece apenas brevemente e é morto logo no início — uma atitude impulsiva do boneco contra alguém que o advertia.
Gepeto é preso injustamente
Logo no início da história, Gepeto vai parar na cadeia acusado injustamente de ter maltratado Pinóquio, depois que o boneco causa uma série de confusões logo após ganhar vida.
Pinóquio queima os pés
Em uma das passagens mais simbólicas do livro, Pinóquio queima os próprios pés ao dormir com os pés na lareira. Quando acorda, Gepeto precisa esculpir novos pés para ele.
A Fada Azul é chamada de “Menina dos Cabelos Azuis”
Ela não aparece como uma fada mágica desde o começo. Inicialmente, é uma menina misteriosa com cabelos azuis que salva Pinóquio e, mais tarde, assume o papel de guia moral.
O livro critica a sociedade da época
Collodi usa o personagem para criticar instituições sociais, como a escola, o sistema judiciário e o comportamento das crianças. É uma obra com forte carga de crítica e moralidade.
Por que a Disney mudou tanto a história?
O estúdio Disney sempre teve o objetivo de criar histórias acessíveis para o público infantil, o que exigiu adaptar muitos contos clássicos — muitos deles originalmente violentos ou inadequados. Assim, para tornar a história de Pinóquio mais palatável e comercialmente viável, as mudanças foram quase inevitáveis.
A animação de 1940 foi um dos primeiros grandes sucessos do estúdio, e embora tenha suavizado a história, manteve a mensagem central: dizer a verdade e seguir o caminho do bem.
Por que conhecer o Pinóquio original é importante?
Entender a origem literária de Pinóquio nos permite refletir sobre como os contos são adaptados ao longo do tempo. Além disso, destaca a importância das histórias infantis como ferramentas de ensino e formação moral — mesmo que de forma dura, como era comum no século XIX.
Também é um convite para revisitar outros clássicos com um olhar mais crítico, analisando o que foi mantido, o que foi perdido e o que foi reinventado nas versões modernas.
Conclusão
A verdadeira história de Pinóquio vai muito além da versão colorida e musical da Disney. Escrito por Carlo Collodi, o conto original é uma crítica social com fortes lições morais, que mostram como nossas escolhas moldam quem somos. Embora mais sombrio, o livro oferece uma perspectiva rica sobre valores como obediência, esforço e redenção.
Se você gosta de literatura clássica e está curioso para descobrir como eram as histórias antes de passarem pelo filtro das grandes produções, conhecer o Pinóquio fora da Disney é um excelente começo.
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