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O Episódio Proibido de Pokémon

Se você cresceu nos anos 90 ou 2000, é quase certeza que Pokémon fez parte da sua infância. A febre dos monstrinhos de bolso dominou o mundo com jogos, brinquedos, cartas e, claro, o anime. Mas o que pouca gente sabe é que essa franquia tão querida carrega uma mancha obscura em sua trajetória. Um episódio que foi ao ar apenas uma vez e que causou um escândalo de saúde pública no Japão, levando mais de 600 crianças ao hospital.

Neste post, você vai descobrir todos os detalhes sobre o famigerado episódio “Dennō Senshi Porygon” (em tradução livre, “Soldado Cibernético Porygon”), e entender por que ele foi banido para sempre — e o que mudou na indústria da animação depois disso.

O que aconteceu no fatídico dia 16 de dezembro de 1997?

Naquela noite, milhões de crianças japonesas estavam assistindo ao 38º episódio da primeira temporada de Pokémon. O episódio apresentava Ash, Pikachu e seus amigos entrando em um mundo digital, com a ajuda do Pokémon Porygon, para consertar problemas causados no sistema de computadores da Equipe Rocket.

Tudo corria bem até uma determinada cena de ação, onde Pikachu usa um ataque elétrico para explodir mísseis virtuais. O resultado foi um efeito visual de luzes intermitentes vermelhas e azuis piscando rapidamente por cerca de seis segundos.

O que se seguiu foi um verdadeiro pesadelo.

  • Mais de 600 crianças relataram sintomas como tontura, náusea, visão turva e convulsões.
  • Cerca de 150 foram hospitalizadas, algumas em estado grave.
  • As notícias tomaram conta da televisão e dos jornais no Japão.
  • O episódio ficou conhecido como o causador do fenômeno “Pokémon Shock”.

Efeitos neurológicos reais

O fenômeno é explicado por uma condição chamada epilepsia fotossensível, que pode ser desencadeada por luzes piscando em determinadas frequências — especialmente entre 10 e 30 flashes por segundo. O episódio, com sua sequência de flashes intensos e cores fortes, foi exatamente o gatilho para essa reação.

Mesmo crianças sem histórico de epilepsia tiveram reações adversas, o que transformou o caso em um alerta global sobre os riscos dos efeitos visuais em programas infantis.

Reação imediata da mídia e do governo

A TV Tokyo, emissora que transmitia Pokémon no Japão, interrompeu imediatamente a exibição da série. O anime ficou fora do ar por quatro meses, enquanto investigações médicas e políticas eram conduzidas.

O governo japonês convocou especialistas em neurologia, produtores de TV e representantes da indústria de animação para discutir novas normas de segurança visual. A partir daí, todos os estúdios passaram a revisar cuidadosamente os efeitos usados em desenhos animados.

Um episódio banido para sempre

“Dennō Senshi Porygon” nunca mais foi exibido em nenhum lugar do mundo. Ele não foi dublado, não foi incluído em DVDs oficiais e jamais apareceu em plataformas de streaming. O episódio foi literalmente “apagado” da história oficial da série.

A ironia? O Pokémon Porygon, que era o tema central do episódio, não causou o problema — o ataque foi do Pikachu. No entanto, por ter sido associado ao episódio polêmico, Porygon e suas evoluções praticamente sumiram do anime até os dias de hoje.

As lições deixadas pelo caso

Este incidente teve repercussões globais. Além das novas normas visuais no Japão, outros países passaram a revisar com mais cuidado os conteúdos infantis importados. Na Europa e nos EUA, órgãos de regulamentação reforçaram os padrões de segurança para transmissões de animação.

O anime Pokémon, apesar do escândalo, conseguiu se recuperar. Quando voltou ao ar, os produtores incluíram uma nova abertura, mais avisos, e reduziram o uso de efeitos piscantes nos episódios seguintes. A franquia continuou a crescer, mas nunca mais da mesma forma inocente.

E hoje, como o público enxerga esse episódio?

Na era da internet, o episódio banido virou uma espécie de lenda urbana digital. Ele circula em versões pirateadas e é estudado por fãs e pesquisadores da cultura pop como um exemplo emblemático de como a mídia pode afetar o público de forma inesperada.

Curiosamente, apesar de tudo, há quem defenda que o episódio poderia ser reexibido hoje com os devidos ajustes visuais. Mas a Nintendo e a The Pokémon Company preferem não correr riscos, e o episódio continua guardado a sete chaves.

Curiosidades Extras:

  • A franquia tentou “reabilitar” Porygon em jogos e cards, mas nunca mais lhe deu destaque no anime.
  • Há uma referência indireta ao incidente no episódio 35 da série Pokémon Journeys, quando Porygon aparece brevemente,mas sem qualquer menção ao passado.
  • O caso foi estudado em universidades de medicina e comunicação, e serviu de base para pesquisas sobre estímulos visuais e neurologia infantil.

Conclusão

O episódio proibido de Pokémon é uma das histórias mais bizarras e impactantes do mundo dos desenhos animados dos anos 90. Ele é um lembrete poderoso de que, mesmo algo aparentemente inofensivo como um anime infantil, pode ter consequências reais e perigosas.

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